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Atual ministro Flávio Dino em campanha para Lula / Foto: Reprodução |
Lauro Arttur
Nos últimos dias o STF indicou que pretende julgar, até o final de março, a denúncia contra Jair Bolsonaro relacionada ao suposto "golpe". Vale recapitular que o próprio ex-presidente comentou sobre a possibilidade de ser condenado a quarenta anos de prisão, sugerindo que, caso isso aconteça, ele passará o resto da vida recluso, impedindo qualquer articulação política, transferência de votos ou impedindo terminantemente que seu nome volte a constar nas "caixas mágicas" (urnas eletrônicas). Bolsonaro chegou a dizer que sua prisão pode não ser suficiente para alguns, insinuando que sua morte pode ser mais interessante para certos grupos, e o que não falta na esquerda brasileira, historicamente ligada à sequestros, mortes e assaltos, é gente disposta a pôr em prática esse prelúdio.
Sim, prelúdio...
Tirar Bolsonaro da jogada seria apenas um dos passos pretendidos. A essa altura do Espetáculo, é irrefutável dizer que estamos diante de uma movimentação altamente estratégica dentro do cenário político, onde o STF age de maneira coordenada para enfraquecer a direita, abrindo caminho para a preservação de uma agenda esquerdo-centrista no poder. E isso é feito de maneira a parecer que tudo ocorre normalmente, seguindo o devido processo, e respeitando a constituição. Usa-se a todo momento uma boa "cortina de fumaça" para encobrir ações vergonhosas por parte da última instância da justiça, para que ninguém perceba aberrações jurídicas do tipo: pessoas sem foro privilegiado sendo julgadas pela Suprema Corte, advogados de defesa não tendo acesso aos autos do processo de seus clientes, e ministros do STF fazendo política de "caçamba de caminhão", como na última aparição pública (mas sempre controlada) do chefe da Companhia Teatral: Alexandre de Moraes.
De verdade, a composição atual do STF teme, como nunca temeu antes, uma nova onda conservadora no país. Devido ao ponto em que chegou a entrega de alguns ministros às Artes Cênicas, ficou nítido que os mesmos se sentem acuados, deixando escapar alguns deslizes grotescos durante seus "comícios". Paralelamente, a discussão sobre a regulamentação das redes sociais avança, um projeto que pretende restringir ainda mais as narrativas da direita e de qualquer voz questionadora da "peça" escolhida.
Recentemente, Flávio Dino, um ministro sabidamente e assumidamente militante marxista, que Lula disse estar contente por tê-lo indicado à "companhia" justamente por esses pérfidos atributos, disse não sentir “nenhum desconforto” em julgar Bolsonaro. Veja, ele foi o responsável pela destruição das imagens das câmeras de segurança que registraram os atos de 8 de janeiro, aquele mesmo que chamou Bolsonaro de "o próprio demônio". A lógica mais simples diz que é impossível que haja desconforto num comunista assumido ao julgar um inimigo ideológico.
E pensar que houve um momento em que o ex-juiz Sérgio Moro foi considerado parcial no julgamento de um condenado em três instâncias, por nove juízes. Aliás, não somente Moro teve sua imparcialidade colocada em cheque, mas também o próprio ex-presidente Bolsonaro, que foi acusado de colocar amigos na Suprema Corte, a fim de aparelhá-la. Preciso falar que o destino foi implacável com essa narrativa? A indicação de Zanin para a Suprema Corte está aí para causar indignação seletiva nos críticos de Bolsonaro.
Enfim...
O Teatro está aí e não é de graça. O STF teve um orçamento de R$ 897,6 milhões em 2024, valor 39% superior aos gastos da Família Real britânica, que custou R$ 645,1 milhões ao Reino Unido no ano passado em valores convertidos, segundo um levantamento do Poder 360.
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Atual ministro Flávio Dino em campanha para Lula / Foto: Reprodução |
O STF é hoje, um teatro previsível, onde os atores da "peça" insistem em continuar com a atuação, mesmo que a maioria do público já tenha se cansado da falta de talento e da previsibilidade do enredo. Os tempos são sombrios, sim. Há um objetivo claro neste momento: impedir que qualquer alternativa conservadora tenha força suficiente para disputar em 2026. No entanto, também há coragem e astúcia na plateia.