Esse ranking poderia ser mudado se houvesse mais investimentos em energias renováveis e limpas como, por exemplo, a solar. Esse investimento, além de contribuir com o meio ambiente, ainda gera economia na fatura de energia.
São Paulo é o quarto maior emissor de CO2 no Brasil / Foto: Shutterstock |
Liliani Bento
Uma pesquisa do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPA) aponta o Estado de São Paulo como o quarto maior emissor de CO² do Brasil. Isso significa ser um dos maiores colaboradores para o Efeito Estufa (fenômeno causado por gases – carbônico, clorofluorcarboneto, metano e óxido nitroso) e que, quando está em desequilíbrio, aumenta a temperatura na Terra, deixando de girar na média em torno de 15 graus. O consumo anual de eletricidade do Estado é de 145 mil GWh, gerado por cerca de 18,6 milhões de unidades consumidoras. Esse consumo gera a emissão de toneladas de gás carbônico.
Não tem como quantificar quanto de gás carbônico é gerado pelo consumo de energia elétrica porque a demanda é atendida de diversas formas. As hidrelétricas são responsáveis por 65% da produção paulista, as termoelétricas a biomassa por 25% e as fósseis pelos 10% restantes. “Mas, com certeza, poderíamos reduzir muito a emissão de gás carbônico mediante o investimento maciço em energia solar e eólica, que não poluem o meio ambiente. Infelizmente, na atualidade, as fontes fotovoltaicas e eólicas, apesar de já serem usadas por alguns, ainda não têm representatividade na matriz estadual”, lamenta o diretor da SOS solar, de Limeira, Renato Pisani.
A indústria paulista, responsável pelo maior parque industrial do país, consome cerca de 36,5% de toda energia utilizada no Estado. As residências, que possuem mais de 90% do número de unidades consumidoras, são responsáveis por cerca de 30% do consumo, seguidos pelo comércio com 22,2%, e os demais setores com aproximadamente 11,3%. “As indústrias ao investirem em energia solar, usinas fotovoltaicas, estariam contribuindo para não haver sobretaxa na conta de energia elétrica, quando há crises hídricas, e também com o meio ambiente. Sem contar que as indústrias que investem nesse tipo de energia obtêm uma redução na conta de energia que pode chegar até 95%. E, se ela produzir mais do que consome, pode usar o excedente em outros períodos”, explica.
Situação triste
Estudo realizado pelo Instituto Totum e pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ), da Universidade de São Paulo, em parceria com a Fundação SOS Mata Atlântica, estima que cada árvore da Mata Atlântica absorve 163,14 kg de gás carbônico nos seus primeiros 20 anos de vida. De acordo com o levantamento da think tank internacional Carbon Brief, levando em conta dados de emissões de queima de combustível fóssil, mudanças no uso do solo, produção de cimento e desmatamento de 1850 a 2021, o Brasil é o quarto no ranking dos países que mais emitiram gases poluentes no mundo nesse período. Os estudos anteriores não levavam em conta o efeito do desmatamento. No acumulado histórico, Estados Unidos está em primeiro lugar, China em segundo e Rússia em terceiro. Mesmo sem os dados históricos, Brasil consta em sexto lugar no ranking.
“Com mais investimentos em energias renováveis, poderíamos reverter esse quadro e parar de sobrecarregar as nossas matas. É comprovado que a redução na emissão de CO2 na atmosfera passa inevitavelmente pela mudança da nossa matriz energética. Somos um país solar e não estamos aproveitando essa nossa fonte de energia”, avalia Pisani.
SOS Solar
A SOS Solar, empresa de Limeira, está há 10 anos no mercado e já participou de diversos projetos de implantação de usinas fotovoltaicas. Um dos últimos foi na Maggi, maior concessionária de caminhões e ônibus do mundo, inaugurada no ano passado. Com a instalação da usina fotovoltaica, a Maggi vai deixar de emitir cerca de 60 toneladas de gás carbônico anualmente. “Na última década deixamos nossos projetos contribuírem com a redução de aproximadamente 7 mil toneladas de gás nocivo na atmosfera. Além disso, promovemos uma economia anual de cerca de R$ 3 milhões, somados todos os projetos.
Isso é resultado da execução de aproximadamente 200 projetos fotovoltaicos, com mais de 20 mil placas instaladas, espalhados por diversos municípios de São Paulo e outros estados.
A SOS Solar utiliza um software alemão para calcular e dimensionar o resultado estimado dos seus projetos. “Dessa forma, conseguimos avaliar, com uma margem de assertividade de 98%, quanto será gerado de energia solar e até quanto o cliente poderá economizar ao fazer o investimento, que é recuperado em média até 3 anos”, explica. Além disso, a empresa oferece também um serviço de drone termográfico que ajuda a identificar fuga de energia nos quadros de comando e o correto funcionamento dos painéis.
Produção brasileira
A Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar) divulgou levantamento que aponta que o Brasil já atingiu a marca de 15 gigawatts (GW) de capacidade instalada de energia fotovoltaica. Mas, há mercado para mais do que duplicar essa produção. Essa capacidade é superior a potência total da hidrelétrica Binacional de Itaipu, que é de 14 GW. “Temos mais do que uma usina de Itaipu em produção de energia limpa”, enfatiza. A energia solar, desde 2012, já evitou a emissão de 18 milhões de toneladas de gás carbônico na geração de eletricidade.
tags:
geral